ALDEMIR NO TEMPO

1922
Aldemir Martins nasce aos oito dias de novembro, em Ingazeiras, no vale do Cariri, estado do Ceará.

1934
Matriculado no Colégio Militar de Fortaleza. Por causa da sua habilidade no desenho é escolhido orientador artístico da sua classe.

1939
Transfere-se para o Ateneu São José, onde conclui o curso ginasial.

1941

Alista-se no Exército, onde desenha o mapa aerofotogramétrico de Fortaleza. Durante o serviço militar, conquista seu primeiro prêmio ao vencer o concurso promovido pela Oficina de Material Bélico da 10ª Região militar, na pintura de viaturas do exército. É, por isso, nomeado "Cabo Pintor.

1942
Participa da sua primeira exposição coletiva, no IIº Salão de Pintura do Ceará, em Fortaleza. Funda o Grupo Artys da Sociedade Cearense de Artistas Plásticos (SCAP), juntamente com Mário Barata, Barbosa Leite, Antônio Bandeira, João Siqueira, Luís Delfino, Raimundo Campos, entre outros. Nessa época, também trabalha como ilustrador para jornais, revistas e livros.

1945
Dá baixa no Serviço Militar e vai para o Rio de Janeiro. Lá, participa do 51º Salão de Belas Artes, na Galeria Askanasi. Antes, porém, ainda no Ceará, trabalha como ilustrador nos jornais “O Unitário”, “Correio do Ceará” e o “Estado”. Também ilustra contos e poemas de Artur Eduardo Benevides, Eduardo Campos, Aluízio Medeiros e Antônio Girão Barroso, entre outros.

1946
Muda-se para São Paulo e intensifica o trabalho de ilustrador, colaborando para os jornais "Correio Paulistano", "A Noite", "O Jornal De São Paulo", "O Diário", e para a revista "Elite". Além disso, desenha as seções da Assembléia Legislativa de São Paulo, com textos de Maurício Loureiro Gama. Nessa época, conhece políticos em início de carreira como Ulisses Guimarães, por exemplo. Encontra tempo para ilustrar textos e poesias de escritores como Domingos Carvalho da Silva, José Escobar Faria e Dulce Carneiro. Faz sua 1ª exposição individual no Instituto dos Arquitetos do Brasil, em São Paulo.

1947
Pela primeira vez, seu trabalho chega ao exterior, na exposição “Desenhistas Brasileiros”, realizada em Praga, antiga Tchecoslováquia.

1949
Faz um curso sobre História da Arte ministrado pelo professor Pietro Maria Bardi para atuar como monitor do então recém-fundado Museu de Arte de São Paulo (MASP).

1950
Em 28 de julho nasce o filho Pedro Martins, fruto de seu primeiro casamento com Amélia Bauerfeld. Faz o Curso de Gravuras do MASP, ministrado por Poty, a quem substitui em várias ocasiões. Aproveita o curso e tira vinte exemplares em água forte do álbum "Cenas da Seca do Nordeste", com prefácio da escritora e conterrânea Raquel de Queirós. Em 4 de outubro, durante o curso de gravuras, conhece Cora Pabst, que será a sua companheira de toda a vida.

1951
Pinta dois painéis para o Ceará Rádio Clube. Depois de uma individual na União Cultural Brasil-Estados Unidos, em Fortaleza, retorna a São Paulo em um caminhão "pau de arara". Dessa experiência rende a primeira série de desenhos de "paus de arara", rendeiras e cangaceiros.Com o Prêmio de Aquisição que recebeu na Iª Bienal de Artes de São Paulo, volta ao Nordeste para seguir o roteiro do cangaço. Acompanhado por José da Caldas Zanini e Mário Cravo Jr., visita Pageú das Flores, Caruaru, Geremoabo, Paulo Afonso, Canudos, Riacho do Navio, Pedra do Buick entre outros lugarejos da caatinga nordestina.

1952
Em 14 de outubro, une-se à Cora Pabst, que será sua companheira de toda vida.

1953
Visita a cidade de Tóquio, no Japão, e lá participa da exposição "Brasilian Painters".

1954
Realiza seu primeiro trabalho cenográfico para a peça "Lampião", de Raquel de Queirós, encenada no teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, com Sérgio Cardoso e Araçari de Oliveira.Lança o álbum de xilogravuras "Cinco Carreiras de Cururu", com texto de Paulo Vanzolini e tiragem de 150 volumes, editado pela Editora Grafix, São Paulo.

1955
No Rio de Janeiro, pinta o painel do bar "O Cangaceiro", reduto da boêmia carioca que tem entre seus freqüentadores assíduos Dorival Caymmi e Ary Barroso. Em São Paulo, recebe encomendas para vários outros painéis, como aqueles que criou para a residência de Rudi Bonfiglioli, para a Casa Beethoven, para o Café Caboclo da Companhia União de Refinadores, para a loja Adams, além de um painel de pastilhas para a Vidrotil.

1956
Ganha o reconhecimento internacional na XXVIII Biennale di Venezia, Itália, com o Prêmio "Prezidente del Consigli dei Ministri", atribuído ao Melhor Desenhista Internacional. Desenha o galo símbolo do "Baile do Galo Vermelho", promovido pelo Hotel da Bahia, em Salvador; faz a capa do livro "História do Modernismo Brasileiro - Antecedentes da Semana de Arte Moderna", de Mário da Silva Brito (Editora Saraiva), e uma gravura especialmente para o clube Amigos da Gravura do Rio de Janeiro. Ilustra "Sonetos de Bocage", lançado pela Editora Saraiva.Classificado entre "Os Melhores Paulistas do Ano", pela revista Manchete, da Bloch Editora, é escolhido para integrar o Conselho Consultivo da diretoria do MASP. Participa como jurado do Vº Salão Paulista de Arte Moderna.

1957
Classificado em 7º lugar na pesquisa popular do feita pelo jornal Última Hora, de São Paulo, para a escolha de “O Homem do Ano”. Seu desenho "Pássaro" é escolhido para cartão de Natal da revista belga “Quadrum".

1958
Aproveita a sua participação no "International Festival of Art" do Festival Galleries, em Nova York (EUA) e a exposição individual em Washington, DC, na Panamerican Union, e permanece por três meses nos Estados Unidos. Com uma Bolsa concedida pelo Departamento de Estado norte-americano, visita a Filadélfia, Chicago, Detroit, Boston e Nova York. Conclui o Álbum de Silk Screem, com apresentação de Pietro Maria Bardi e tiragem de 100 exemplares em edição bilíngüe. Em 24 de novembro, nasce sua filha Mariana Pabst Martins, fruto de sua união com Cora Pabst.

1959
Participa do "South American Art Today", no Museum of Fine Arts, em Dallas, Texas, nos Estados Unidos da América; da exposição "40 Artistas do Brasil", na Galeria São Luiz, em São Paulo; do Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo; do VIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, onde recebe o Prêmio Viagem ao Exterior.Faz exposição individual no Museu de Arte Moderna da Bahia, em Salvador, Bahia; e na Catherine Viviano Gallery, em New York, nos Estados Unidos da América.
1960Entrega à Editora Saraiva 90 ilustrações para a edição, em nove volumes, do livro “As mil e Uma Noites”. Ilustra, com gravuras em água forte, o livro "Passárgada", de Manuel Bandeira, além de participar da edição da obra "Mestres do Desenho", com apresentação de Cassiano Ricardo, da Editora Cultrix, São Paulo.

1961
Acompanhado pela família, passa uma temporada em Roma, no bairro de Monte Verde Vecchio. Na Itália, participa de várias exposições, como também em Lisboa. Na capital portuguesa, executa uma gravura especial para a Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses.

1962
Cria o cenário para o I Festival da MPB, na TV Record de São Paulo, e apresenta o festival junto à Geraldo Vandré e Gilberto Gil. Além disso, ilustra a capa de "Il bosco degli Urogalli", de Mário Higoni Stern, Einaudi, Itália. É quando inicia um namoro firme com a arte utilitária ao criar uma série de estamparia para tecidos da Rodhia Têxtil, que compõe a coleção Brazilian Nature, lançada no Nacional Clube, em São Paulo, SP.

1963
Ilustra uma série de obras literárias importantes, entre elas "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, pela Martins Editora, São Paulo; "Cântico da Terra", poemas de Lupe Cotrim Garaude, pela Editora Massao Ohno, São Paulo; o livro "The Three Marias", de Raquel de Queiroz, em edição da Universidade do Texas, EUA. Publica o álbum "Aldemir Martins em Cores", com apresentação de Érico Veríssimo e tiragem de 500 exemplares, pela Editora Cultrix, São Paulo.

1964

O desenho " Cangaçeiro" a nanquim e pincel é doado por Assis Chateaubriand ao Museu L'Hermitage em São Petersburgo. Ilustra a 27a. edição de "Os Sertões" de Euclides da Cunha, da Editora Francisco Alves, São Paulo. Desenha o Selo Comemorativo da X Bienal de São Paulo, "O Peixe”.

1966
Inicia suas experiências em esculturas de acrílico e jóias em ouro, prata e pedras brasileiras.

1967
Agraciado com a Comenda da Ordem do Rio Branco, em maio, pelo então presidente Castelo Branco.

1968

Participa do calendário Pirelli “50 Anos de Samba”, que recebeu o Prêmio Ampulheta, concedido ao melhor calendário do ano.

1969

Prêmio Ampulheta pela participação no Calendário Pirelli com o tema "Garimpo". É homenageado com o lançamento da Sala "Aldemir Martins" no "Mini-Museu Firmeza", no Mondubin, Fortaleza, Ceará. Desenha os temas que ilustrarão os bilhetes da Loteria Federal.

1970

Lançamento do livro "História dos Índios do Brasil - Literatura Infantil”, de Walmir Ayala, com paginação e ilustrações de Aldemir Martins, pela Bruguera Editora, Rio de Janeiro, RJ, e do Álbum "Dez Desenhos de Aldemir Martins", com prefácio de Emil Farhat, Editora Cultrix.

1972
Agraciado com os prêmios "Colunista", entregue aos melhores da propaganda, pelo filme da campanha contra o câncer em São Paulo, e "Saci das Artes", por ocasião do cinqüentenário, dado pelo Banco Novo Mundo. Lançamento de "Múltiplos de Aldemir", pequenas esculturas em acrílico, na Galeria Ao Gosto Augusta, São Paulo, SP.

1973
Conclui as ilustrações e a capa do livro "Tereza Batista Cansada de Guerra", de Jorge Amado, editado pelo Círculo do Livro S.A., empresa Gráfica da Revista dos Tribunais S.A., São Paulo.

1974
Torna-se membro do Conselho Municipal de Cultura de São Paulo. Ao mesmo tempo, sua produção como ilustrador de livros permanece intensa. São suas as ilustrações de “Infância na Granja”, de Lívio Xavier, lançado pela editora Massao Ohno, em São Paulo, SP, e as que ilustram o álbum "Elegias - Cecília Meireles - 10 anos Depois”, pela editora Alumbramento do Rio de Janeiro, RJ.

1975
Por encomenda do Laboratório Sandoz, de São Paulo, executa 12 telas que posteriormente são distribuídas entre a classe médica. Paralelamente, produz vinte desenhos para a edição especial da revista Status, da Editora Três, "Vinte Contos Latino- Americanos". Além disso, estréia na televisão com a abertura da novela “Gabriela”, uma adaptação do livro homônimo de Jorge Amado para a Rede Globo de Televisão. Neste ano, passa a integrar o conselho da Fundação Bienal de São Paulo.

1976
Recebe o título de “Cidadão Paulistano”, concedido pelo Governo do Estado de São Paulo. Também é homenageado com a Placa Comemorativa "Trinta Anos de São Paulo" pela Secretaria de Estado da Cultura, Ciência e Tecnologia na pessoa do secretário Max Feffer.

1977
Um ano de homenagens. A “Sala Aldemir Martins” é inaugurada no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará; uma gravura de sua autoria - "Gato" - é o prêmio da V Exposição Internacional do Clube Brasileiro do Gato; a OEA – Organização dos Estados Americanos, adquire obras suas para o Museu de Arte Contemporânea da América Latina. A convite do ministro da Saúde, Paulo de Almeida Machado, preside a comissão julgadora do I Concurso de Cartazes contra a esquistossomose, e participa da comissão julgadora do "Concurso Ford de Arte Infantil", É nomeado para o Conselho Deliberativo do MAM de São Paulo. Assina um dos cenários da peça "A Infidelidade ao Alcance de Todos", em São Paulo. Também são deste período o convite com a reprodução do primeiro retrato da companheira Cora (água-forte, 1950) e uma gravura original distribuída aos convidados por ocasião da comemoração do "concubinato-de-prata" do casal.

1978
Cria o marco da Hidrelétrica de Itaipu, executado em pedra recolhida por ele mesmo no leito do rio Paraná. Miniaturas do marco são presenteadas aos então presidentes Ernesto Geisel, do Brasil, e Alfredo Stroessner, do Paraguai. Faz a palestra de abertura do ciclo "Crítica e Arte", na Pinacoteca da APLUB, em Porto Alegre. Integra o júri do II Concurso de Artes Plásticas e Fotografias de Funcionários da Telesp, em São Paulo, e pelo segundo ano consecutivo, participa da comissão julgadora do II Concurso de Cartazes contra a esquistossomose. Participa ainda de campanhas beneficentes da "Associação Cultural B´nai B´rith", de São Paulo. É realizado o programa "Aldemir do Ceará para o Mundo", na série Documento da TV Cultura de São Paulo. Também é lançado o álbum "Água na Boca", com serigrafias de frutas tropicais de autoria de Aldemir ilustrando o texto de Rubem Braga e as fotos de Chico Albuquerque.

1979
É capa e verbete na revista "Arte no Brasil" nº 40, da Abril Cultural pgs. 806 - 807. Faz a doação de uma tiragem de 50 gravuras em água-forte à "Fondazione Rotelinni", em Roma, Itália, e de uma tela à Fundação do Livro do Cego no Brasil. Faz a capa do Livro "Iararana", de Sosigenes Costa, com apresentação de Jorge Amado, Editora Cultrix, São Paulo. Participa do Salão de Artes plásticas do Ceará como jurado.

1980
Homenageado com o diploma “Este São Paulo Que Eu Amo”, concedido pela Paulistur, é um dos ilustradores do livro "53 Poemas Eróticos" de Manuel Bandeira. Lança dois livros somente com ilustrações suas: “Pequeno Álbum”, com sete gravuras em metal e texto de Flávio Mota, da Editora João Pereira e Livraria Klaxon, e "Desenho Como Instrumento", editado pela Cooperativa Dos Artistas Plásticos. Executa a capa da agenda 1981 do "Círculo do Livro", São Paulo, e participa da comissão julgadora do Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará.

1981
Cria o cenário do "Consertão", concerto apresentado no Teatro Municipal de São Paulo com Arthur Moreira Lima (piano), Heraldo do Monte (violão e guitarra), Paulo Moura (sax e clarineta), Elomar (rabeca, canto e composição). É relançado o livro "Tempos de Cabo", de Paulo Vanzolini, com ilustrações de Aldemir Martins, que tem seus desenhos impressos no Calendário Pirelli 1982, lançado no final de 1981, com texto de Jorge Amado. Participa como jurado do IV Salão de Pinturas da Associação Atlética Banco do Brasil.

1982
Uma de suas telas é presenteada à Rainha Sílvia, da Suécia. Ilustra o romence de José Palmeira "A Ilha Interior" e inicia uma série de ilustrações para o Suplemento D.O. do Diário Oficial de São Paulo. Lançamento de "L´Arte del Brazile", por Arnaldo Mondadori, Itália, com introdução de Pietro Maria Bardi e textos de Carlos Lemos, José Roberto Teixeira Leite e Pedro Manuel Gismondi e o ensaio de Oscar Niemayer "Il Grupo dei 19"; págs. 240 - 244. É lançado ainda "19 Reproduções de rascunhos e anotações, com apresentação de Regina Bertizlian, e "A Cor na Arte Brasileira", com texto de Jacob Klintowitz, o primeiro livro editado pela Volkswagen do Brasil. Cria desenhos para jogos de mesa executados pela Carambela para campanha de promoção da Maionese Gourmet.